
As redes sociais – particularmente aquelas centradas em imagem, como o Instagram ou o Snapchat – podem ser uma forma fantástica de descomprimir e libertar o nosso lado mais criativo, e de forma geral têm talvez uma reputação menos positiva do que a que merecem por parte da geração que cresceu sem estas novas tecnologias.
No entanto, é também importante não desconsiderar os efeitos nocivos que podem ser causados por algumas características destes veículos de expressão pessoal.
De acordo com a pesquisa da Royal Society for Public Health (RSPH), no que diz respeito às 5 maiores redes sociais, o YouTube foi considerada a mais positiva, enquanto o Snapchat e o Instagram se encontram, respetivamente, em penúltimo e último lugar.
Os quase 1500 visionados do inquérito – com idades entre os 14 e os 24 anos – foram questionados sobre as plataformas e pontuaram cada uma em aspetos relacionados com o bem-estar, como a ansiedade, depressão, solidão, bullying, fear of missing out (ansidedade causada por ver os outros a fazer coisas em que não estamos a participar), entre outros.
Os resultados revelaram que, como mencionado, o Instagram e Snapchat são as redes que mais causam estes efeitos negativos nos jovens; 50% dos questionados sentem que o Instagram e Facebook exacerbam sentimentos de ansiedade, e 70% afirma que o Instagram os faz sentir pior com a sua imagem corporal. 68% gostaria ainda que as diversas redes sociais destacassem quando fotos tiverem sido manipuladas digitalmente.
Shirley Cramer, diretor executivo da RSPH, refere que “as redes sociais já foram descritas como mais aditivas do que cigarros e álcool”, e que “agora estão tão intrinsecamente ligadas às vidas dos jovens que já não é possível ignorar a sua presença ao falar sobre questões relacionadas com a sua saúde mental”.
Através do seu Young Health Movement, muitos jovens já lhes disseram que as redes sociais tiveram um impacto tanto positivo como negativo na sua saúde mental.
“É interessante ver como o Instagram e o Snapchat ficam nos piores lugares a nível de saúde mental e bem-estar – ambas as plataformas são muito focadas em imagem e isto indica que podem estar a despoletar sentimentos de inadequação e ansiedade nos jovens”, acrescenta o diretor.
É fácil, portanto, chegar à conclusão de que no que toca ao uso de redes sociais com uma vertente muito forte de imagens e estilos de vida “editados”, é melhor tentar ver tudo com um certo ceticismo. O perigo começa quando se começa a comparar os pontos altos das vidas dos outros (que eles escolhem partilhar online e estão frequentemente sujeitos a edição e um certo embelezamento) com qualquer momento da nossa própria vida quotidiana. Todas (ou quase todas) estas imagens são curadas: planeadas, ajustadas, editadas, corrigidas, e depois sim publicadas. Mesmo com esse conhecimento objetivo, torna-se difícil num mundo obcecado com goals e lifestyle separar a realidade destes imaginários.
Não que estes sejam em si algo de mau ou pernicioso. Utilizar redes sociais para nos conectarmos com os outros e explorarmos o nosso próprio sentido de identidade, estilo ou estética é algo fantástico e o seu valor como ferramenta de auto-descoberta não deve ser descurado. Mas – e correndo o risco de soar um pouco clichê – é igualmente importante saber desligar essa ferramenta e viver; de nós mesmos para nós mesmos, sem expectativas de estética, likes ou engagement.
Diana Cavadas
Redes Sociais
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