Estivemos recentemente na 18ª edição do Festival OFFF Barcelona e tivemos a oportunidade de conversar com Jessica Fernández, diretora do projeto da tatuagem eletrónica Smart Skin (e pudemos experimentar a tecnologia também!).
Além de dirigir este projeto, a Jessica é também coordenadora da área de projetos de Engenharia de Design Industrial e co-diretora do Mestrado em Engenharia de Design Industrial da ELISAVA.
MM: Qual foi a necessidade ou problema que encontraram para o surgimento da ideia da Smart Skin?
JF: Este projeto nasce do entendimento de que toda a tecnologia que nos rodeia é rígida, irritante e externa, e surge portanto da intenção de procurar integrar a tecnologia no corpo humano da maneira mais agradável e sem a necessidade de usar energias externas.
MM: Qual é a tecnologia implementada na Smart Skin?
JF: A tecnologia que usamos é baseada em eletrónica impressa e nanotecnologia (nanomateriais). É um projeto de pesquisa da Universidade Pompeu Fabra que se interligou com alunos da mesma universidade. Inicialmente eram estudantes de engenharia, e na segunda fase vieram aqueles que correspondem à interação, design de interação e design gráfico, porque é um elemento tecnológico que deve ser levado para a parte de comunicação e implementação, e eu queria também uma experiência com o espaço.
MM: Quais as principais vantagens da utilização da Smart Skin face a outras tecnologias de identificação para eventos?
JF: A principal vantagem é que não precisas de te preocupar porque é parte de ti, é uma segunda pele, é um elemento que levas contigo em teu redor. Não só isso, mas também há o facto de os sistemas atuais serem visuais, enquanto que este é automatizado e [muda a forma] como interages com o espaço, podes até mesmo pagar algo sem a necessidade de estar dependente do teu telemóvel ou carteira. As possibilidades são infinitas, podemos dizer dessa forma.
MM: E atualmente, o que temos quando implementamos uma Smart Skin?
JF: De momento, o que temos é um sistema que te localiza de forma impessoal porque não está ligado ao teu nome pessoal, apenas ao elemento externo; é o começo, e podemos armazenar e gerar dados através dele. É o que temos hoje.
MM: Qual é a vantagem específica da Smart Skin aqui na OFFF, tanto para o utilizador como para vocês?
JF: Eu quero partir [dessa ideia] e não pensar nos benefícios para nós – é uma experiência nova para o utilizador, permite-lhe que ele ande [no evento] de forma tranquila, que esqueça alguns elementos externos, e permite que ele aproveite ou interaja com o evento de um modo muito diferente do que conhecemos até hoje, porque agora estamos apenas a usá-lo como um elemento de entrada para leitura e passagem, mas no futuro poderá interagir com qualquer elemento do espaço.
MM: E os dados que estão a recolher aqui?
JF: Os dados recolhidos são usados com a intenção de melhorar a usabilidade e a experiência de usuário no futuro. Até agora, a forma como se entende a experiência do utilizador neste tipo de festivais é [apenas] visual, é algo mais intuitivo, percetivo, mas não real a 100%. [Com a Smart Skin], podemos ter dados reais do que está a acontecer. Se houver uma emergência num espaço muito grande, conseguirás saber onde há mais problemas e onde deves atuar primeiro.
MM: Quais os principais contributos de uma tecnologia ultra-wearable para a experiência dos participantes num evento?
JF: Acima de tudo, é o facto de ser flexível e não ter peso, não o notas, não tens a perceção de que levas alguma coisa. Normalmente quando usas algo [como uma pulseira], o teu contexto muda, há um peso, um toque, aquilo mexe-se e fica preso, mas isto usas e não estás consciente disso, faz parte de ti e não é desconfortável.
MM: E como foi a experiência que tiveram até agora? Superou as vossas expectativas?
JF: Adoramos ver como as pessoas têm gostado! Quanto às expectativas… isto é um protótipo: nós temos modelos mais avançados que não arriscamos experimentar aqui com a intenção de evitar qualquer problema e este é o modelo seguro que saberíamos que funcionaria, mas se pudéssemos ter utilizado o segundo modelo, teria sido fantástico para nós.
MM: No próximo ano conseguirão, de certeza. Obrigada!
A equipa mmarketing
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