Autoria do texto: Infraspeak
Pode parecer algo paradoxal falar de mobilidade num momento em que milhares de pessoas em todo o mundo se prepararam para fazer quarentena por tempo indeterminado. Mas é exatamente por isso que faz sentido falar em mobilidade, conectividade e em gestão de equipas à distância.
A quarentena em massa atirou-nos para uma realidade em que o teletrabalho se tornou a norma por decreto. Mesmo as empresas menos preparadas deram conta que muitas tarefas podem ser feitas de forma remota – porque não chegámos à quarentena numa fase prematura da mobilidade no trabalho, mas sim numa altura em que as melhores práticas ditam que os dados ficam armazenados em cloud, em que as aplicações são pensadas numa framework de mobile-first e todos podemos comunicar em casa (ou no outro lado do mundo) quase tão bem como no escritório.
Ainda assim, e apesar dos avanços da tecnologia, nem todos os trabalhos podem ser executados remotamente. Para que a sociedade continue a funcionar como a conhecemos, e até para combater o inimigo que enfrentamos, há quem siga no campo de batalha. Os profissionais de saúde, desde logo; mas também os produtores de bens essenciais, as forças de segurança, os estafetas de entregas ao domicílio que nos permitem continuar a cumprir rigorosamente a quarentena, as empresas de recolha e eliminação de resíduos.
Arriscamos a dizer que a tecnologia, todas as aplicações e gadgets que temos à nossa disposição, podem fazer ainda mais diferença para eles do que para aqueles de nós que estão em casa. Se isto parece um paradoxo tão grande como a premissa deste texto, deixe-se surpreender. Vejamos alguns exemplos de como o nosso casamento com as tecnologias de mobilidade, que tanto facilita as rotinas de um gestor de equipas, permanece intacto na saúde e na doença.
Acesso à informação
Já sabemos que, em situações normais, as plataformas em cloud e as aplicações são as maiores aliadas da flexibilidade laboral. Além disso, para quem trabalha em assistência técnica, permite aos seus clientes reportar a avaria e receber a notificação imediatamente. Ao mesmo tempo, em circunstâncias excecionais, esta mesma tecnologia permite cumprir o “distanciamento social” a quem continua no terreno e evitar a troca de papéis, onde o coronavírus pode sobreviver até 24 horas.
Tecnologia contactless
Muito provavelmente, já ouviu falar de etiquetas NFC. Estas etiquetas são pouco maiores do que uma moeda de dois euros e funcionam através da tecnologia de near field communication (NFC). É uma tecnologia sem fios muito popular, por exemplo, para validar bilhetes de transporte. Na gestão de infraestruturas, as etiquetas armazenam informação a que os técnicos podem aceder com um simples telemóvel. Foram pensadas para facilitar o acesso à informação, mas também podem servir para saber onde está cada trabalhador – uma forma de “picar o ponto” no trabalho e obter dados sem ter de tocar em superfícies e arriscar qualquer contágio.
Identificadores de entrada e saída
Para quem trabalha em logística ou retalho, os localizadores de itens em armazém e os identificadores de entrada e saída são a maneira mais sofisticada de controlar os stocks à distância. Ficam dispensadas as contagens manuais e pode até criar notificações quando o stock está demasiado baixo e precisa de repor, o que torna todo o Facility Management muito mais eficiente. Numa situação em que os armazenistas passam por um teste de fogo, este tipo de tecnologia poupa tempo aos seus trabalhadores, torna a empresa mais eficiente e facilita a rotina dos seus clientes.
Controlo em tempo real com CMMS
Quando a Infraspeak falou com 50 gestores de manutenção portugueses, o desafio mais comum era o controlo operacional, especialmente dada a rotatividade dos técnicos e a gestão de imprevistos… o que piorava nas empresas que dependem do papel. Usar um software de manutenção dedicado e adaptado às exigências do seu negócio permite recolher informação fidedigna, controlar a atividade da empresa de forma remota e tomar decisões à distância com base em dados reais e não em suposições.
Não há dúvidas que um software de manutenção auxilia a gestão de equipas à distância, mas também é importante falar na distribuição de tarefas. Se incluir a informação necessária para cada work order na aplicação, é mais fácil para qualquer técnico “pegar” nesse trabalho e resolver a avaria com sucesso. Isto ajuda-o a lidar melhor com a rotatividade dos técnicos e gerir imprevistos (como baixas médicas, por exemplo). Já para não mencionar que ganhamos mais tempo em trabalho efetivo – nesta fase em que a eficiência é crucial para evitar a paragem total do país – porque não desperdiçamos tempo à procura de arquivos, informações e manuais. E repare que, pelo caminho, deixamos o papel para trás e salvamos algumas árvores do abate certo.
Sensores IoT
Os sensores ligados à internet são outra forma de obter informação fidedigna em tempo real. Aliás, até já são usados em medicina: por exemplo, um sensor de glicemia pode ser ligado a um telemóvel, o que permite à equipa médica monitorizar o paciente sem contacto direto. Na manutenção industrial chamamos à integração dos sensores com a IoT “manutenção industrial inteligente” ou IIoT. A conectividade fundamental para começar a adoptar medidas de manutenção preditiva – ou seja, começar a prever quando um ativo vai avariar e precisa de reparação – evitar manutenção desnecessária e diminuir o downtime. Se é fiel apenas à manutenção preventiva, de certeza que a partir de agora verá com outros olhos a possibilidade de definir melhor as suas prioridades e aplicar um plano de manutenção que, temporariamente, se reduz ao essencial.
Numa altura em que temos de evitar as deslocações não essenciais a todo o custo, a tecnologia deve ser uma forma de assegurar que os seus técnicos de manutenção não precisam de trabalhar em vão. A cloud, a partilha de informação e as ferramentas de comunicação são uma maneira de aumentar o apoio remoto que fornece a quem está no terreno, tanto técnicos como clientes. Porque a mobilidade (e a imobilidade) e os dispositivos móveis, como iremos testemunhar nos próximos meses, salvam vidas e negócios.
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