Arranca hoje o Web Summit 2017, e uma das oradoras convidadas deste ano está a dar que falar.
Referimo-nos a ninguém menos que Sophia, a robô humanóide da Hanson Robotics, que recentemente gerou polémica por lhe ter sido concedida cidadania na Arábia Saudita.
Esta questão adquire particular importância sociológica devido ao inescapável facto de que as mulheres desse mesmo país vivem sob um controlo e regras rígidas (o uso obrigatório do hijab, por exemplo, ou a necessidade de um wali – guardião oficial do sexo masculino, tipicamente um familiar), e menos direitos do que mulheres em muitas outras partes do mundo.
Nesse sentido, a cidadania de Sophia levanta algumas questões éticas, como por exemplo o facto de, se é agora uma “mulher cidadã” oficial da Arábia Saudita, porque não tem de usar o hijab ou ser acompanhada de um wali como as restantes cidadãs do país?
Isto acrescentando ao já “antigo” debate do possível perigo de levar a inteligência artifical longe de mais e o que isso pode significar para nós humanos. Pensando nessa perspetiva, tornar um robô cidadão oficial de um país talvez possa parecer algo um pouco menos anedótico.
Embora esta cidadania seja naturalmente uma espécie de golpe publicitário para aumentar a notoriedade do robô – especialmente considerando o facto de ter acontecido pouco antes do Web Summit 2017, onde estará presente -, é sempre importante considerar as implicações de levar estes assuntos levianamente. Sim, pode até parecer engraçado um robô ter uma cidadania oficial, mas considerando que se trata em particular de um país onde nem todos os humanos têm os direitos que deveriam ter, é importante não deixar que estes fait divers toldem a visão das questões realmente importantes.
Não obstante tudo isto, permanece como é claro a curiosidade de ver a célebre Sophia a falar. Afinal de contas, se a Inteligência Artifical (IA) é alvo de tanto fascínio, debate e obras escritas e cinematográficas, por algum motivo é. As possibilidades e consequências, tanto positivas como o oposto, são vastas e deixam-nos sempre com a imaginação a pulsar. O quão longe conseguimos ir? É possível criar IA que seja verdadeiramente ciente de si mesma? Nesse caso, a partir de que momento os poderemos considerar “vivos”, ou até “pessoas”? Quais as verdadeiras implicações de criar um ser com consciência?
As perguntas são intermináveis, mas talvez as respostas estejam um pouco mais perto do pensávamos.
A Sophia vai falar no Centre Stage do Web Summit, dia 7 de novembro, às 11:45. Entretanto deixamos um vídeo de apresentação que, embora um pouco embelezado para a estreia (nem sempre o robô fala com este sotaque britânico e de forma tão fluida), demonstra um pouco daquilo que Sophia é (ou pode vir a ser):
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