Enredados?

Enredados?

Durante as férias, passei alguns dias para lá do Rio Guadiana onde Judas “podia ter perdido as botas”, em terras de contrabandistas porque Espanha está mesmo à distância de um passeio a pé.

Para além de aí se viver bem mais devagar porque o calor de Verão não deixa que seja de outra forma, muitas vezes dava por mim a olhar para o “smartphone” e a verificar que dizia SEM REDE…

Estamos tão habituados a “estar ligados” que quando isso não acontece parece que entramos na 5ª dimensão onde tudo continua a acontecer em todo o lado mas sem que nós saibamos ou participemos. Isto levou-me a pensar em 2 questões fundamentais para quem vive em rede:

  • Desligados da rede

Quanto mais dependemos de estar ligados, mais difícil se torna conseguir estar “offline”. São as múltiplas Redes Sociais (Facebook, Linkedin, Instagram, Twitter, Pinterest, etc), o e-mail, as notícias (os jornais pela manhã ou as actualizações ao longo do dia) ou as cotações de bolsa (com os mercados a abrir ou fechar ao ritmo dos fusos horários), são os jogos através das redes sociais, as actualizações de software, as aplicações, os resultados e as últimas transferências desportivas, etc, etc, etc…

Fenómenos como Nomophobia (medo de ficar incontactável por falta de rede, de plafond ou bateria, por exemplo) ou FOMO (Fear Of Missing Out – receio de perder alguma informação ou acontecimento em rede) são cada vez mais fontes de ansiedade ou stress no mundo em que vivemos.

Experimentem um dia inteiro sem telemóvel, sem gadgets, sem estarem em rede. E tentem perceber que o que sentem é forte demais para ser normal. Pode ser que fiquem surpreendidos…

  • Os custos da rede

Estar alguns dias num mundo sem Wi-Fi ou 3G porque naquele local provavelmente não se justifica o investimento rentável dos operadores de telecomunicações em tecnologias adicionais levou-me a considerar o rumo da vida em rede. Não no sentido filosófico da coisa (não me sinto capaz desse tipo de elevação intelectual) mas no sentido prático. Sigam o meu raciocínio: cada vez exigimos cada vez mais por menos (e se possível, gratuitamente). Não só a crise mas também o aumento do poder dos consumidores, exige da parte dos fornecedores de serviços uma excelência associada a custos, para nós, cada vez mais baixos. Por exemplo, queremos cada vez mais tráfego de dados móveis (se possível ilimitados) por um valor cada vez mais baixo. E já pensamos as chamadas de voz e as SMS como algo dispensável porque aplicações como o Viber ou WhatsApp dispensam que paguemos por esses serviços.

Mas ter uma boa cobertura de rede ou estar online custa dinheiro. Muito dinheiro porque exige investimentos constantes em tecnologia e em recursos, técnicos e humanos. Para que não fiquemos “sem rede” precisamos de fornecedores de telecomunicações eficientes mas capazes de nos entregar o serviço de qualidade a que damos valor. Não podendo exigir Sol na eira e chuva no nabal, temos que fazer escolhas como consumidores. E perceber que se damos valor ao “estar em rede”, temos que pagar por isso sob pena de quem nos fornece esse serviço deixar de investir no negócio…

 

Soube bem estar “offline” nem que seja para valorizar o que temos (quase) todos os dias. Conseguimos valorizar o que damos por garantido vezes demais e encontrar outras realidades e situações que normalmente nem ligamos…

 

Pedro Martins

PS: Estamos com quase, quase 700 seguidores no Facebook! Obrigado, só assim vale a pena!!!

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