Um futuro onde se pode atender o telemóvel com um simples passar da mão no tecido das calças. Ou então pô-lo em silêncio tocando na manga de uma camisola. Ou mudar de música tocando no colarinho. São estes alguns possíveis resultados do “Project Jacquard”, um empreendimento inovador da autoria da Google, em cooperação com a conhecida marca de vestuário Levi’s. A premissa do projecto, que está a ser conduzido pelo laboratório ATAP (Advanced Technology and Projects) da Google, é bastante pragmática – criar tecnologia “usável”, tecendo fios condutores em têxteis e tornando-os na sua própria espécie de touch pad. O produto final seriam diversos artigos de vestuário e até mobiliário que poderiam ser usados e lavados de forma normal, tornando-se ao mesmo tempo uma plataforma interactiva.

Apesar de os usos mais intuitivos desta tecnologia serem comandos básicos como fazer chamadas ou mandar mensagens de texto, há uma panóplia de outras aplicações que podem surgir de uma tecnologia que é capaz de enviar dados wireless para smartphones e outros tipos de aparelhos. A responsabilidade pelo desenvolvimento das várias aplicações e serviços cabe à comunidade existente de developers, à qual a Google e Levi’s lançaram o desafio de imaginar o potencial desta tecnologia no que diz respeito aos comportamentos humanos, podendo esta mudar tudo, desde conversas até viagens.

Paul Dillinger, o Director de Inovação da Levi’s, explica o âmago deste projecto inovador. “É sobre criar para a comunidade de developers uma plataforma com um novo ecosistema de aplicações que estão feitas à medida para esta ideia de envolvimento com o mundo físico.” A sua visão de projecto visa dar às pessoas o poder de se afastarem um pouco dos seus aparelhos electrónicos e focarem-se mais nas ligações humanas, criando a possibilidade de aceder às funções mais importantes do telemóvel mas mantendo contacto visual com a pessoa que estiver à sua frente.

A utilidade desta tecnologia ao nível do quotidiano fica aberta a debate. Será realmente mais prático passar a mão numa manga para fazer uma chamada do que simplesmente pegar no telefone e fazê-lo? Fará assim tanta diferença na forma como vivemos a tecnologia e interagimos com os outros? A resposta dependerá de cada um e da forma como usa a tecnologia na sua vida diária.

Diana Cavadas
MobilityNow